VII CONCURSO LITERÁRIO INTERNACIONAL BURITI CRONICONTOS

EM HOMENAGEM AO ESCRITOR DR. JOBAL DO AMARAL VELOSA

sábado, 4 de setembro de 2010

JORNAL DE ARAÇATUBA ENTREVISTA UM DOS GANHADORES DO TROFÉU BURITI - ROBERTO MÁRCIO PIMENTA


ENTREVISTADO

ROBERTO MÁRCIO PIMENTA


01) Quem é Roberto Márcio Pimenta?
Roberto M. Pimenta: Roberto Márcio Pimenta nasceu em Belo Horizonte - Minas Gerais. Sou formado e pós-graduado em Letras. Exerci a profissão lecionando em Faculdades e Cursinhos de Belo Horizonte. Sou detentor de vários títulos em concursos de contos e tenho minha obra espalhada pela Internet, revistas e jornais. Tive atuação destacada em mais de quarenta concursos e participação em vinte e oito antologias. Em Belo Horizonte trabalhei como revisor de alguns escritores e tive contato com Osvaldo França Junior, Roberto Drummond, Antônio Fonseca, Padre Teófilo e outros. Atualmente resido em Jacaraípe-ES, em frente ao mar, de onde tenho retirado minhas inspirações.

02) Antes de começar a falar do seu trabalho, o que o Sr. tem a falar da sua cidade?
Roberto M. Pimenta: Nasci em Belo Horizonte, onde em cada esquina há um pouco de cultura. Belo Horizonte destaca-se, entretanto, pelos bares, pela arquitetura e o jeito acolhedor que o mineiro tem. Atualmente, moro no Espírito Santo, em Jacaraípe - lugar maravilhoso, onde à tarde, a areia e as ondas do mar pedem um poema. Jacaraípe localiza-se no município de Serra, no Estado do Espírito Santo. Situado na costa, a aproximadamente 30km ao norte do centro de Vitória. É bastante conhecida por seus campeonatos de surf. A cidade é muito frequentada no verão por turistas do próprio estado e também alguns vindos de Minas Gerais. Parece, aqui, que há uma magia no ar que nos encanta.

03) O Sr. gosta mais de ler e escrever, ou de desenhar e pintar? Por quê?Roberto M. Pimenta: Ler é captar o que o autor escreveu. Aprisonar os pássaros do autor. É transitar do nosso mundo para o do autor. Escrever é papel inverso: a gente solta os pássaros da nossa gaiola e deixa que os leitores os capturem. Cada palavra ou frase tem que ser estudada e analisada para não errar o vôo. É bem doloroso, mas o prazer é bem maior. Já frequentei escolas de pintura e tive uma fase de artista plástico, mas, por ser alérgico, o cheiro das tintas que eu tanto amava, começou a atacar meu pulmões.

04) Quanto ao que escreve, o Sr. tem preferência por quais temas? Por quê?
Roberto M. Pimenta: Qualquer tema que leve à reflexão. Acredito em tudo porque é do humano acreditar: ainda acredito no amor, em Deus, na familia, no meu time, na vitória mesmo que tarda, no dia de amanhã que será melhor.

05) Com quem se identifica mais em suas obras? Por quê?Roberto M. Pimenta: Não existe uma pessoa específica e sim, várias. É logico que algumas obras nos remetem às reflexões como a Bíblia, o Alcorão, o Livro dos Espíritas. Também, alguns autores como Kalil Gibran, Antoine Sant-Exubery, Gabriel Garcia Marquez, Maupassant, Cortázer e os poetas como Neruda, Mário Quintana, Carlos Drummond, Vinícius e outros. Leio sempre os novos poetas, como Rita Velosa, Antonio Fonseca, Wanderlino, Lena e outros.

06) Como foi a ideia de começar a escrever?
Roberto M. Pimenta: Desde garoto me destacava pelas redações na escola. Adulto, fiz Letras e comecei a lecionar. O contato com vários escritores me fez atuar como "revisor de Português". Em Belo Horizonte, passei a corrigir também, não só os erros, mas todo o texto. Trabalhava na Petrobrás na área de RH. Em 2002 houve um concurso nacional de Literatura para os empregados e fiquei em primeiro lugar com o conto "A Santa e o Bêbado". No mesmo ano concorri em outros concursos e fiquei bem classificado. Não parei mais. Em 2004 aposentei-me. Montei uma pousada onde trabalho pela manhã e, à tarde, emprego meu tempo em Literatura.

07) O que o motiva a escrever? Tem alguma mania ao fazer? Algum "cantinho" especial?
Roberto M. Pimenta: Pessoas. Tudo o que faço é para alguém, mesmo que ela já não exista mais. Gosto de escrever ao som de música clássica, cantos de passarinho, barulho de chuva, ou do mar perto da minha casa, porém sem niguém perto. De uma certa forma gosto da solidão. Tenho na Pousada, uma biblioteca e uma cinemateca onde faço pesquisas. O lugar predileto (risos) para escrever é na varanda onde há uma rede. Creio que a preguiça é a melhor forma para o trabalho de escrever.

08) Com toda certeza o Sr. já ouviu críticas sobre o seu trabalho. Como as encara?
Roberto M. Pimenta: Há mais de trinta anos trabalho (direta ou indiretamente) com a escrita. Geralmente, o escritor é um narcisista. Adora elogios e rejeita críticas. Eu não! Prefiro as críticas. São estas que me fazem crescer. Acredito na humildade e sinceridade. Sei que todo dia temos que aprender. Gostaria de morrer como o condenado que tem hora e dia para partir, porque assim deixaria somente de aprender durante meus dez minutos finais em que me dedicaria a Deus.

09) Falando sobre seus trabalhos, como decide sobre os títulos?
Roberto M. Pimenta: O título é importantíssimo. O leitor escolhe, quando o autor não é conhecido, a obra pelo título. Escolho título e, após, faço a obra. Pode acontecer o contrário.

10) Como o Sr. estabelece uma relação entre o título e a obra?
Roberto M. Pimenta: Pelo título o leitor já imagina o que vai ler. Ele tem que estar intimamente ligado ao conteúdo, ao mesmo tempo, despertar curiosidade. Tentar empolgar. Assisti a um filme nacional por causa do título. Somente na última palavra do filme descobri a razão do título: - Amarelo Manga. Jamais usaria esta técnica, entretanto achei genial.

11) Depois que coloca o título, em algum momento já quis mudar o título da apresentação?Roberto M. Pimenta: Já fiz isto várias vezes. Exemplo: Meu conto "Gralhas nos campos de trigo" ia se chamar "Mateando solito no más". Acho que ficou bem melhor e está diretamento realacionado com a metáfora do conto que me deu o primeiro lugar no Concurso da Petros.

12) Que reação (sensação) o Sr. tem ao ver o quadro/tela terminado?Roberto M. Pimenta: Nunca sinto que terminou. Acho sempre que precisa um retoque, tal como nos poemas e nos contos.

13) O poema "FÉ", que foi classificado em 1º Lugar no Concurso Literário Nacional Buriti Cronicontos, teve inspiração em quê? Ou em quem?
Roberto M. Pimenta: Na realidade o poema "Fé" fazia parte de um conto "Receita de pão" que fiz em homenagem a uma grande escritora e poetisa: Rita Velosa. Ela ficou sabendo disto somente após o concurso. Como havia pouco espaço de linha para o conto coloquei-o para concorrer como poesia. A beleza deste poema está simplesmente na pessoa que passou a vida acreditando no amor. É telúrico, como a terra, a semente, a árvore, a vida que crê, mesmo sem saber o que é o amor, mas crê.

Poema FÉ
Assim como o fruto acredita na semente
A terra, na chuva que cai
O pão, no trigo ainda nos campos,
Acredito no amor.
Mesmo que roubem a minha semente,
Que pisem na minha colheita,
Que queimem meus campos de trigo,
Ainda assim,
Continuarei a acreditar.
Porque,
O amor é como o fruto que nada sabe da semente,
A terra que ignora se a chuva virá,
O pão que ainda espera o trigo brotar,
Apenas acreditam...

14) O Sr. ao preparar as suas obras tem em mente passar algum aprendizado?
Roberto M. Pimenta: Sim. Se vou escrever alguma coisa que não tenha este objetivo, melhor não fazê-la. Tudo o que faço tem objetivo de transmitir alguma coisa boa.

15) Como é o "retorno" por parte dos apreciadores da boa arte da escrita? Deixa-o satisfeito?
Roberto M. Pimenta: O autor, geralmente, nunca sabe, na realidade, sobre este retorno. Participo de concursos. Quando o conto é classificado eu digo: presta.

16 - O senhor participa de algum grupo de estudo ou associação cultural?
Roberto M. Pimenta: Tenho vários amigos que escrevem. Alguns já têm nome: Como João Paulo Vaz, Cleo de Oliveira, Silvio Rocha, Whisner e outros. Trocamos ideias, mas ainda não pertenço a nenhuma academia, embora já esteja disputando uma vaga.

17) Aos estudantes, o que indica?
Roberto M. Pimenta: Leia, leia e leia. No mesmo local onde ficam, na cabeça, as imagens de um filme, ficam também as que você fabrica ao ler um livro. Frequente uma biblioteca. Não se deixe influenciar pela lista de "os mais vendidos" (geralmente são os piores). Na internet tem muita coisa boa, mas há material péssimo também. Separe o joio do trigo. Leia.

18) Qual recado deixaria aos leitores do site?
Roberto M. Pimenta: Primeiro: peço desculpas por ocupar o seu tempo ao ler esta entrevista. (Que isso,mestre?!) Segundo: escreva qualquer coisa, leia, pratique esporte, faça uma declaração de amor, coma pipoca, picolé, ria de você, abrace, cante uma cantiga mesmo sem saber cantar, molhe-se na chuva, telefone para o amigo, abrace seu pai e sua mãe, fale bem do seu inimigo, corra mesmo com passos de tartaruga, dê presentes - vale a retribuição do sorriso, viva feliz porque o tempo não espera: só existe o dia de hoje. E hoje é dia.

19) Como se pode ter contato com o seu trabalho?
Roberto M. Pimenta: Meu trabalho está espalhado em jornais, revistas e antologias. Alguns artigos estão em vários sites. Estamos fazendo um blog onde serão inseridos vários artigos sobre teoria literária, contos e romances. Um pouco sobre cinema, talvez. Qualquer contato poderá ser encaminhado para meu email: ROBERTO MÁRCIO PIMENTA

03/09/2010
Coordenação e realização: Prof. Pedro César Alves, Araçatuba/SP.
CONTATO
9702-5883
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